A viagem



Uma varanda distante refugiava o corpo e principalmente a mente. Ela precisava estar só para conseguir tracejar e precisava do teto de Deus para definir o traço. A brisa que batia trazia à lembrança dias que eu já havia esquecido. Mas olha, a caixinha cabe muita coisa e rebusca quando quer.

Ela não pode. Não vai parar.

Apenas aceita a companhia do rádio velho. Música situa tanto quanto o silêncio. Viagem profunda em si. Transporta-se mentalmente ao mar. O mar era seu segundo refúgio. Tão ela como onda e tão onda como ela, tão brava e tão acalenta, tentando abraçar pedras, tentando alcançar a encosta.
E não pode. Não vai parar.


BRITO, Emilly

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