Você é ou está?


Encontrei essas formidáveis palavras no #CCSP texto de Flavio Waiteman e o Argumento é de Joanna Monteiro
Ser, estar, permanecer e continuar (Waiteman)

A gente é ou está.E a relevância de uma coisa ou de outra pode definir a nossa vida.Ser é vocação.Estar é situação.

Aquilo que é vocação, palavra fora de moda que virá a ser novamente utilizada pelas novas gerações, define o que somos de verdade. Define o ser. Pra onde as circunstâncias da vida nos levam, para cima ou para baixo, é o estar.

O estar é a figura do momento. O Fotochart do último segundo. A senóide de uma narrativa com altos. E baixos. Ser é a essência, o começo. O que interessa realmente.Mas nem tudo é do jeito que se quer.

Conforme o tempo passa, as necessidades da vida vão dizendo pra gente estar também. Estar pode trazer mais dinheiro, momentâneamente. Mais reconhecimento. Você adora fazer algo, mas aceita estar em outra posição, diferente da original. Por conveniência começa a fazer algo a mais do que a essência. Incorpora mais funções em seu dia a dia com o objetivo de conquistar um pouco do que a evolução profissional pode proporcionar. Mas ser é que são elas.

Porque o dinheiro e o cargo são o momento. Estão. E quando se está, não se pode deixar perder a essência. Quando se está sozinho, numa terça a noite, num misto de tédio e vazio, as verdades teimam em aproveitar o momento para uma visita. E são visitas que começam e terminam com perguntas invasivas. Então, o que você tem feito com o talento que recebeu?

Multiplicou as “moedas”, ou enterrou-as no quintal para não perdê-las. Ou ainda gastou-as todas?

“Aquelas noites de euforia com os planos de ser um escritor, cadê?”

E com incoveniente persistência passa a noite com essas inquisições. Nesse momento, o estar não lhe oferece nada para você se segurar. Nem cargos, nem salário. Você procura o sonho, o ser, que deixou em algum lugar enquanto estava preocupado com os movimentos da vida. É simples.Você está na direção de criação. Mas é redator. Ou diretor de arte.

Você alcançou os píncaros do organograma corporativo, mas não esqueça do que levou você a acordar cedo, comer mal, ralar muito, sempre com um sorriso no rosto. Tem gente mais feliz dentro de fusquinhas, começando a vida, do que em carros de luxo.Funções são o estar.Paixão é o ser.Cargos e títulos são a veste e o ser é a pele.A vida anda, necessidades aparecem e você vai aceitando o estar. Se relacionando com ele. Mas não caia na sua prosa que é boa, mas fatal. Atenção e disciplina podem deixar você em forma com a melhor parte do que você traz.

A perspectiva é mãe da verdade. Olhar para o caminho que você trilha de forma crítica pode ser positivo. E você pode buscar suas origens a partir daí. Buscar o ser. Sempre dá tempo de fazer isso. Os jornalistas são craques nisso.Uns estão editores mas escrevem em outros veículos.Outros estão chefes de redação enquanto fazem crônicas.

O estar não é tão ruim, desde que a essência esteja lá. Se ater a essência do ser, lembrando que o estar passa.

Por mais sensacional que você seja, no estar em algum cargo, ou em alguma função, só estará seguro, se continuar a ser aquilo que é.

Apesar de pertencerem à mesma família verbal, um abismo as separa. E nesse abismo vai se colocando durante a vida toneladas de ego. Hectolitros de vaidade que criam canais que deságuam num mar sem nome. Fora do mapa. Repleto de confusão e frustração. Sem ondas. Nem vento. Você é, ou está?E está, ainda sendo?Se você é, vai permanecer.

Se está, saiba que pode mudar. Pra melhor, que é simplesmente, ser.

Fonte: CCSP , 12/08/2011

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